Burseraceae

Protium pedicellatum Swart

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2020. Protium pedicellatum (Burseraceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

DD

EOO:

0,00 Km2

AOO:

8,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado do Amazonas — no município Humaitá.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria: DD
Justificativa:

Árvore com até 22 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Popularmente conhecida como breu preto, foi documentada em Campinarana, Floresta de Terra-Firme e Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) associadas à Amazônia presente no estado do Amazonas, município de Humaitá. Possivelmente ocorre no Parque Nacional do Jaú, onde foi considerada uma espécie frequente nas parcelas fitossociológicas (Ferreira e Prance, 1998; 1999; Swart, 1942). Apresenta distribuição conhecida restrita, EOO=8 km², AOO=8 km² e duas situações de ameaça, considerando-se a única localidade de ocorrência com material de herbário como uma situação de ameça, e sua ocorrência no Parque Nacional do Jaú como outra situação de ameaça. Entretanto, é conhecida por poucas coletas válidas, a última realizada em 1934, em região onde esforços de coleta ainda são considerados insuficientes e onde ainda estão presentes na paisagem fitofisionomias em estado prístino. Diante da carência geral e da impossibilidade de se suspeitar, estimar ou mesmo inferir uma eventual redução populacional ocasionada por vetores de pressão que tem se amplificado na região, a espécie foi considerada como Dados Insuficientes (DD) nesta ocasião. Estudos direcionados a revisar material não determinado depositado em herbários regionais podem revelar novos registros de ocorrência para a espécie, assim como buscas específicas visando encontrar a espécie na localidade típica e em outras localidades próximas e/ou com ocorrência potencial. Tais estudos fazem-se necessários para melhorar o conhecimento sobre sua distribuição e dinâmica populacional, e assim possibilitar uma robusta avaliação de seu risco de extinção.

Último avistamento: 1934
Quantidade de locations: 2
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Recueil Trav. Bot. Néerl. 39, 195, 1942. É reconhecida pelas folhas geralmente 4 ou 5 jugadas, pecíolos dos folíolos laterais do tamanho de sua acúmen, 1/12–1/10 do comprimento dos folíolos (1,25 cm); folhetos com 10–13 pares de seg. nervos, subcoriaceous a coriaceous, inflorescências longas, cerca de duas vezes mais longas que os pecíolos, pedicelos 1% vezes mais longos que as flores, flores 4-meras, pequenas, lobos do cálice diminutos (Swart, 1942). Popularmente conhecida como breu preto.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: No estudo fitossociológico realizado no Parque Nacional do Jaú por Ferreira e Prance (1998), a espécie apresentou abundância relativa de 5.0 e dominância relativa de 2.8. Em estudo desenvolvido pelos mesmos autores em uma mata primária, no Parque Nacional do Jaú, de 3 ha, a espécie apresentou Índice de Valor de Importância (IVI) de 11.4, frequência relativa de 3.5, densidade relativa de 5.0 e dominância relativa de 2.8 (Ferreira e Prance, 1999).
Referências:
  1. Ferreira, L.V., Prance, G.T., 1999. Ecosystem recovery in terra firme forests after cutting and burning: A comparison on species richness, floristic composition and forest structure in the Jaú National Park, Amazonia. Botanical Journal of the Linnean Society 130, 97–110. URL https://doi.org/10.1111/j.1095-8339.1999.tb00514.x
  2. Ferreira, L.V., Prance, G.T., 1998. Species richness and floristic composition in four hectares in the Jaú National Park in upland forests in Central Amazonia. Biodiversity Conserv. 7, 1349–1364. URL https://doi.org/10.1023/A:1008899900654

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: perenifolia
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Campinarana, Floresta de Terra-Firme, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 3.6 Subtropical/Tropical Moist Shrubland
Clone: no
Rebrotar: no
Detalhes: Árvore com até 22 m de altura (Swart, 1942). Ocorre no Amazônia, em Campinaranas, Floresta de Terra-Firme e Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Swart, J.J. 1942. A monograph of the genus Protium and some allied genera (Burseraceae). Drukkerij Koch en Knuttel, Gouda.

Reprodução:

Dispersor: O fruto é uma drupa (Swart, 1942), e a dispersão é barocórica ou zoocórica.
Síndrome de dispersão: barochory,zoochory
Referências:
  1. Swart, J.J. 1942. A monograph of the genus Protium and some allied genera (Burseraceae). Drukkerij Koch en Knuttel, Gouda.

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming regional medium
A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Amazônia brasileira, ocorre desmatamentos para criação de gado em grande escala (Joly et al., 2019). Com ca. 330 milhões de hectares, a Amazônia brasileira possuia, em 2014, 42.427.000 ha (12,8%) de sua extensão convertidos em pastagens (TerraClass, 2020). Em 2018, as pastagens já ocupavam entre ca. 46.209.888 ha (14%) (Lapig, 2020) e 53.431.787 ha (16,1%) (MapBiomas, 2020). Aproximadamente 60-62% de todas as terras desmatadas na Amazônia brasileira são cobertas por pastagens, colocando a criação de gado em evidência como um dos principais impulsionadores do desmatamento (Almeida et al., 2016, Carvalho et al., 2020). Fora o impacto causado pela conversão de áreas, vários estudos com foco na ocorrência de incêndios no Brasil destacam que, atualmente, a Amazônia e o Cerrado apresentam os maiores números de eventos de incêndios relacionados principalmente a práticas de conversão da vegetação natural em pastagem, o que gera outros impactos diretos relacionados às atividades pecuárias (Davidson et al. 2012, MCTI 2016, Joly et al., 2019). No município de Humaitá (AM), onde a espécie é encontrada, a agricultura familiar vem cedendo lugar a grandes propriedades dedicadas a atividade pecuária nas cidades Lábrea e Humaitá (Macedo e Teixeira, 2009). No município tem criação de gado, porcos, galinhas, patos e carneiros. (Baraúna, 2009).
Referências:
  1. Almeida, C.A., Coutinho, A.C., Esquerdo, J.C.D.M., Adami, M., Venturieri, A., Diniz, C.G., Dessay, N., Durieux, L., Gomes, A.R., 2016. High spatial resolution land use and land cover mapping of the brazilian legal amazon in 2008 using landsat-5/TM and MODIS data. Acta Amazonica 46, 291–302. https://doi.org/10.1590/1809-4392201505504 (acesso em 05 de junho de 2020).
  2. Carvalho, R., de Aguiar, A.P.D., Amaral, S., 2020. Diversity of cattle raising systems and its effects over forest regrowth in a core region of cattle production in the brazilian amazon. Regional Environmental Change 20. URL https://doi.org/10.1007/s10113-020-01626-5 (acesso em 03 de junho de 2020).
  3. Davidson, E.A., Araújo, A.C., Artaxo, P., Balch, J.K., Brown, I.F., Bustamante, M.M.C., Coe, M.T., DeFries, R.S., Keller, M., Longo, M., Munger, J.W., Schroeder, W., Soares-Filho, B.S., Souza, C.M., Wofsy, S.C., 2012. The Amazon basin in transition. Nature, 481(7381), 321–328.
  4. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. URL https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  5. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. URL https://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig. html (acesso em 03 de junho de 2020).
  6. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2019. Projeções do Agronegócio: Brasil 2018/19 a 2028/29 projeções de longo prazo. MAPA/ACE, Brasília. URL https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2018-2019-2028-2029/@@download/file/projecoes-2019_versao_final_3.pdf
  7. MapBiomas, 2020. Plataforma MapBiomas v.4.1 - Base de Dados Cobertura e Uso do Solo. URL https://plataforma.mapbiomas.org/map#coverage (acesso em 03 de junho de 2020).
  8. MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2016. Terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento. Coordenação-Geral de Mudanças Globais de Clima. Sumário Executivo. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Brasília. URL https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/clima/Comunicacao_Nacional/Comunicacoes_Nacionais.html (acesso em 03 de junho de 2020).
  9. TerraClass, 2020. Projeto TerraClass, Dados 2014. URL https://www.terraclass.gov.br (acesso em 05 de junho de 2020).
  10. Baraúna, G.M.Q., 2009. As políticas governamentais que afetam as “comunidades ribeirinhas” no município de Humaitá-AM no rio Madeira, in: Almeida, A.W.B. de (Ed.), Conflitos Sociais No “Complexo Madeira.” Manaus.
  11. Macedo, M.A. de, Teixeira, W., 2009. Sul do Amazonas, nova fronteira agropecuária? O caso do município de Humaitá, in: Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal RN. INPE, Natal, pp. 5933-5940.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying habitat past,present,future regional medium
Na Amazônia, ocorre degradação florestal por conta da mineração (Joly et al., 2019). Desde a década de 1960, a expansão de estradas, barragens e grandes projetos de mineração levaram a um intenso processo de ocupação regional que já levou cerca de 20% das florestas originais associadas ao bioma Amazônia no Brasil, e causaram conflitos sociais recorrentes (Becker, 2004, Hecht, 2011, Silva, 2015, Souza et al., 2015). Em 2004, o desmatamento chegou a 27.772 km², o que levou o governo brasileiro a elaborar um plano de longo prazo para controlar o desmatamento e afastar a região do modelo de fronteira tradicional para um plano de desenvolvimento mais centrado na conservação (Hecht, 2011). Entre 2005 e 2015 a mineração representou 9% do desmatamento na floresta amazônica. Contudo, os impactos da atividade de mineração podem se estender até 70 km além dos limites de concessão da mina, aumentando significativamente a taxa de desmatamento por meio do estabelecimento de infraestrutura (para mineração e transporte) e expansão urbana (Sonter et al., 2017). Estudos recentes indicaram que 15% do bioma Amazônia está potencialmente ocupado por áreas de mineração, podendo chegar a 30% em áreas protegidas (Charity et al., 2016). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também têm gerado um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro. No município de Humaitá, o garimpo do ouro representa uma boa parte da renda que garante a sobrevivência de muitos e é uma prática presente há anos nas famílias que vivem nas comunidades ribeirinhas da região (Baraúna, 2009). A exploração do ouro é feita ilegalmente e com uso de mercúrio.
Referências:
  1. Becker, B.K., 2004. Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. Editora Garamond, Rio de Janeiro.
  2. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D., Stolton, S., 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  3. Hecht, S.B., 2011. From eco-catastrophe to zero deforestation? Interdisciplinarities, politics, environmentalisms and reduced clearing in Amazonia. Environ. Conserv. 39, 4–19. https://doi.org/10.1017/S0376892911000452
  4. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., 2019. 1o Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  5. Silva, J.M.C., 2015. A conservação da biodiversidade como estratégia competitiva para a Amazônia no antropoceno, in: Silva, O.M.A., Homma, A.K.O. (Eds.), Pan-Amazônia: Visão Histórica Perspectivas de Integração e Crescimento. FIEAM, Manaus, pp. 140–156
  6. Sonter, L.J., Herrera, D., Barrett, D.J., Galford, G.L., Moran, C.J., Soares-Filho, B.S., 2017. Mining drives extensive deforestation in the Brazilian Amazon. Nat. Commun. 8, 1013. https://doi.org/10.1038/s41467-017-00557-w
  7. Souza, P., Xavier, D., Rican, S., de Matos, V., Barcellos, C., 2015. The Expansion of the Economic Frontier and the Diffusion of Violence in the Amazon. Int. J. Environ. Res. Public Health 12, 5862–5885. https://doi.org/10.3390/ijerph120605862
  8. Veiga, M.M., Hinton, J.J., 2002. Abandoned artisanal gold mines in the Brazilian Amazon: A legacy of mercury pollution. Nat. Resour. Forum 26, 15–26. https://doi.org/10.1111/1477-8947.00003
  9. Baraúna, G.M.Q., 2009. Análise das Políticas Governamentais definidas para a Região do Rio Madeira e seus efeitos sobre a pesca artesanal. Universidade Federal do Amazonas. Dissertação de Mestrado. Instituto de Ciências Humanas e Letras Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Manaus - Amazonas.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada no Parque Nacional do Jaú segundo (Ferreira e Prance, 1998, 1999).
Referências:
  1. Ferreira, L.V., Prance, G.T., 1999. Ecosystem recovery in terra firme forests after cutting and burning: A comparison on species richness, floristic composition and forest structure in the Jaú National Park, Amazonia. Botanical Journal of the Linnean Society 130, 97–110. URL https://doi.org/10.1111/j.1095-8339.1999.tb00514.x
  2. Ferreira, L.V., Prance, G.T., 1998. Species richness and floristic composition in four hectares in the Jaú National Park in upland forests in Central Amazonia. Biodiversity Conserv. 7, 1349–1364. URL https://doi.org/10.1023/A:1008899900654

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.